“A melhor forma de promovermos um envelhecimento digno, de qualidade e feliz é focarmo-nos na pessoa e nas suas idiossincrasias. Cada pessoa é um ser especial… um EU – Especial e Único… Cuidemos como tal”. – Maria Miguel Barbosa
“É impossível traduzir em palavras todas as aprendizagens e valorização pessoal e profissional que levo”, afirmou a psicóloga Maria Miguel Barbosa no final do estágio de 9 meses realizado na Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF).
Um período de aprendizagem prática que lhe abrirá portas na Ordem dos Psicólogos. De novembro de 2017 a agosto de 2018, Maria Miguel desenvolveu vários projetos na área do envelhecimento ativo da população sénior espalhada por dois dos lares da Instituição e na Unidade de Cuidados Continuados do Fundão.
Um trabalho iniciado com a atualização do boletim informativo e especificidades dos utentes que permitiu conhecer melhor “os hábitos, gostos e preferências” da população institucionalizada na Santa Casa. A “avaliação cognitiva e emocional” dos utentes bem como uma “definição de objetivos de intervenção” ocuparam as várias semanas de trabalho igualmente caracterizadas pela “criação de materiais de estimulação cognitiva e sensorial”.
No fundo, o estágio de Maria Miguel traduziu-se em centenas de horas de atividades geradoras de energia positiva que mereceram, quase sempre, o elogio e agradecimento dos indivíduos enquanto protagonistas de ações “terapêuticas empáticas” ou iniciativas de “capacitação de competências” refletidas na “inclusão e participação social efetiva” em projetos como as “Conversas com…; Saber +; Outras atividades de mestria e prazer”. É o caso do jogo cognitivo que o vídeo nos mostra.
Tratou-se, pois, de uma viagem com destino à felicidade e saúde mental da pessoa enquanto ser especial.
O foco nas pessoas e no bem-estar dos seniores e restante população das respostas da Misericórdia do Fundão foi, aliás, o objetivo específico do trabalho desenvolvido por Maria Miguel Barbosa. Aqui fica mais um exemplo. A Oficina da Escrita.
Em hora de despedidas e reconhecimento pelo desempenho a jovem psicóloga respondeu a algumas questões:
Que balanço faz do estágio realizado na SCMF e em que consistiu o estágio?
O estágio que realizei foi o estágio profissional para a Ordem dos Psicólogos Portugueses e configurou uma excelente oportunidade de aprendizagem pois pude trabalhar com diversas valências e pessoas com diferentes idades e papeis dentro da instituição. Teve a duração de 9 meses e o meu objetivo era fazer a diferença promovendo a saúde mental e colmatar necessidades.
Atendendo à evolução da psicologia que boas-práticas deixa na Santa Casa da Misericórdia do Fundão?
Desde a criação de materiais e sessões de estimulação cognitiva, passando pela implementação de projetos promotores de novas aprendizagens e ao desenvolvimento de competências … foi possível fazer de tudo. Este estágio não se resumiu à avaliação e intervenção com idosos mas também com pessoas em Unidade de Cuidados Continuados Integrados, crianças e jovens. Foi igualmente muito importante capacitar quem cuida, os colaboradores. Lembrando sempre que a mais-valia deste estágio foi, sem dúvida o trabalho em equipa.
A vida é uma constante aprendizagem. Uma partilha integral de experiências. O que leva destes 9 meses de ação na SCMF?
É impossível traduzir em palavras todas as aprendizagens e sentimentos que levo. Ficam as memórias, levo as pessoas, os laços e os afetos. Se tivesse de escolher uma palavra escolheria gratidão.
Que desafios se levantam à sociedade num país de seniores cada vez mais sós e com forte possibilidade de terem demências?
Envelhecemos desde que nascemos e envelhecemos como vivemos. Isto dá-nos a responsabilidade de planear o nosso envelhecimento desde muito cedo. Através das nossas práticas, comportamentos e desenvolvimento pessoal podemos ter um grande poder tanto na nossa própria vida como no contributo que podemos trazer enquanto atores sociais. É necessário investir no envelhecimento e sobretudo nas pessoas. Um dos desafios que se levantam são os da promoção de cuidados de qualidade e neste campo devemos lembrar-nos da saúde mental e do desenvolvimento pessoal que ocorre ao longo de toda a vida.
Cuidar dos seniores é um dos seus ângulos de ação. Quais são as maiores ameaças da humanidade para a população mais idosa?
Uma das maiores ameaças é o foco dos cuidados nos procedimentos. A melhor forma de promovermos um envelhecimento digno, de qualidade e feliz é focarmo-nos na pessoa e nas suas idiossincrasias. Cada pessoa é um ser especial… um EU – Especial e Único… Cuidemos como tal.